Quando chegamos em casa, o clima estava tenso. Minha m?e, Ana, parecia preocupada, seu olhar carregava um medo de que eu n?o entendesse completamente. Tornar-me cavaleiro deveria ser algo bom, n?o? Era uma oportunidade de mudar nossa vida, de finalmente sair da miséria. Mas ent?o, meu pai, com sua voz grave e cansada, corte o silêncio:
— Eu sei que você quer mudar a vida da nossa família, filho. Mas você entende o que significa ser um cavaleiro? A vida de um cavaleiro é curta. Muitos morrem em batalhas contra monstros, contra dem?nios... — Ele suspirou pesadamente, encarando-me com um olhar que parecia carregar anos de experiência e sofrimento. — A taxa de mortalidade é muito alta. Você realmente está pronto para isso?
Eu encarei meu pai por um momento. Ele estava certo. Mas... eu n?o sinto medo. Na minha vida passada, sobrevivi a uma guerra. O caos, o sangue e a morte eram coisas que eu já havia enfrentado antes. Mas será que esse corpo estava pronto? Essa era a verdadeira quest?o.
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Os dias passaram rapidamente e, para minha surpresa, Sara estava radiante. Ela pulava ao meu redor, sorrindo e batendo palmas.
— Meu irm?o vai ser um cavaleiro! Meu irm?o vai ser um cavaleiro! — ela cantava, rindo.
— Ei, n?o precisa gritar para todo o bairro, né? — reclamei, bagun?ando seus cabelos.
Os vizinhos vieram a aparecer, trazendo presentes simples e cumprimentos calorosos.
— Ana, ouvimos dizer que seu filho vai para a Escola de Cavaleiros com essa idade! — uma vizinha disse, com os olhos arregalados de surpresa. — Ele deve ser um gênio!
Minha m?e sorriu timidamente, claramente orgulhosa, mas ainda preocupada. Meu pai, por outro lado, manteve um semblante sério, como se ainda lutasse contra a decis?o.
No meio de toda aquela comemora??o, minha mente já estava focada no próximo passo: meu primeiro dia na Escola de Cavaleiros
A Escola de Cavaleiros era um internato. Isso fez com que eu só pudesse visitar minha família uma vez por mês. No dia da partida, minha m?e estava visivelmente emocionada. Seus olhos estavam marejados enquanto ela apertava minhas m?os.
— Cuide-se, meu filho... — disse ela, sua voz embargada. — Se alimente bem... respeite seus superiores...
— Tá bem, m?e — respondi, tentando manter um tom leve.
Meu pai, ao contrário, foi mais contido. Ele colocou a m?o sobre meu ombro e simplesmente disse:
— Se cuide, filho. E nunca abaixe a cabe?a para ninguém.
Sara correu até mim, com os olhos brilhando de emo??o e segurando meu bra?o com for?a.
— Eu vou fazer um bolo bem grande quando você voltar, Lázaro! — disse ela, com um sorriso determinado, mas com lágrimas escapando dos cantos dos olhos.
Gabi, por outro lado, cruzou os bra?os e resmungou:
— é melhor você visitar a gente com um sorriso no rosto, viu? Se voltar todo machucado e deprimido, eu mesma te dou um soco!
Stolen novel; please report.
Ri da amea?a e acenei para todos antes de entrar na carruagem que já esperava por mim. Dentro dela, já estavam Elaine e Edwin.
— Achei que você ia desistir — brincou Elaine, com um sorriso de canto.
— Eu? Jamais — respondi, cruzando os bra?os. — Mas é bom saber que sentiram minha falta.
Edwin apenas bufou, olhando pela janela.
— Vamos logo com isso. Quero ver se essa escola é tudo isso que dizem.
A viagem foi longa, mas finalmente chegamos. Nos estabilizamos e nos acostumamos com a rotina da escola. Mas ent?o, chegou o primeiro dia de aula.
Quando fomos apresentados à turma, percebemos uma coisa: só havia uma turma e, ao todo, éramos cerca de sessenta alunos. Dentre eles, apenas nós três viemos da escola pública. Assim que nos apresentamos, uma onda de murmúrios percorreu a sala.
— O quê? Dois plebeus aqui? — alguém murmurou, com um tom de nojo.
— Isso deve ser um erro — outro resmungou. — Essa escola é para nobres!
Eu já esperava algo assim, mas ainda assim... me irritou. Fitei o grupo de nobres arrogantes que nos encaravam como se f?ssemos lixo e sorri de canto.
— Fiquem à vontade para subestimar a gente. Eu gosto de surpresas — provoquei, cruzando os bra?os.
Elaine soltou um suspiro exagerado.
— Ah, que maravilha! Primeiro dia e já temos f?s, Lázaro. Eu devia ter trazido autógrafos.
Edwin, por outro lado, apenas fechou os punhos e permaneceu em silêncio.
O primeiro dia na escola estava apenas come?ando, e já dava para sentir que seria uma longa jornada.
Nas aulas
As primeiras semanas de aula foram dedicadas a nos avaliarmos e entendermos nossos pontos fortes. Edwin rapidamente mostrou talento para a magia de ataque, enquanto Elaine se destacou na magia de cura. Já eu...
Bem, eu tentei aprender magia. Tentei com todas as for?as, mas algo parecia errado. A magia de raio, que era a que mais me interessava, simplesmente n?o fluía como deveria. Era frustrante. Depois de dias insistindo sem progresso, decidi focar no que eu já conhecia: combate corpo a corpo.
Armas de fogo n?o existiam nesse mundo. Apenas espadas, lan?as, facas e outras armas brancas. Um problema para alguém que era bom com uma M4 na vida passada. Ent?o, decidi testar minha habilidade com facas, algo que dominava antes. O problema? Facas eram vistas como armas secundárias, menos nobres. Se eu quisesse me destacar, precisaria aprender a manejar espadas também.
Durante os treinos, os nobres me olhavam com desdém. Aquela arrogancia típica. Mas percebi que nem todos eram assim. Alguns até pareciam gente boa, e acabei fazendo amizade com dois colegas de dormitório: Alex e Arnold. Ambos eram homens-ferras. Alex era do tipo gato—rápido e falante. Arnold, do tipo lobo—calmo e pertencente a uma linhagem nobre, com parentes importantes na capital. Arnold era mais reservado, enquanto Alex era pura energia, sempre inventando alguma maluquice.
Com o tempo, treinávamos juntos e até formamos um pequeno grupo com Edwin. O clima na escola ia se tornando mais leve... até que Alex teve uma ideia que nos colocou em apuros.
A ideia de Alex
— Ohh, Edwin, você gosta da Elaine? — perguntou Alex, com um sorriso malicioso.
— O que você tá falando, idiota?! — Edwin ficou vermelho na hora.
— Se você n?o gosta, ent?o posso ficar com ela. Aquela garota tem uns peitos que eu fico doido só de pensar! — Alex disse sem vergonha alguma.
— O que você tá falando?! Eu te mato se chegar perto dela! — Edwin rosnou.
— Ahhh, ent?o você gosta dela! — Alex riu. — Mas me diz, você n?o quer ver os peitos dela de perto?
— O quê?! — Edwin arregalou os olhos.
— A gente pode dar uma espiadinha no banheiro feminino. Que mal tem? Só um olhar rápido! — Alex tentou persuadi-lo.
Arnold bufou, cruzando os bra?os.
— Isso é errado. N?o vou participar disso.
— E você, Lázaro? — Alex me olhou com expectativa.
Na minha vida passada, eu já tinha visto mulheres nuas, mas nesse mundo... mulheres-ferras me deixavam curioso. O corpo delas era diferente? Por que humanos e ferras raramente formavam casais? Era só preconceito ou havia algo mais?
— Tá bom, eu topo. — Respondi, tentando parecer indiferente.
— ótimo! Você n?o vai se arrepender! — Alex comemorou.
Arnold suspirou, mas no final acabou nos seguindo para evitar que nos metêssemos em encrenca pior.
A miss?o desastrosa
Subimos até a janela do banheiro feminino, que ficava no segundo andar. A escola era t?o grande que o segundo andar equivalia ao quarto andar de um prédio normal. Se caíssemos dali, estaríamos ferrados.
— Eu fico de vigia. — Arnold disse, cruzando os bra?os, mas claramente interessado no que estávamos fazendo.
Eu fui o primeiro a chegar e, quando olhei pela janela, meu queixo caiu. Eu tinha me esquecido de como era o corpo de uma mulher. E sim, as ferras eram praticamente idênticas às humanas, só com cauda e orelhas de animais. Aquilo era... fofo? Mas o destaque da cena? Elaine. Eu nunca tinha reparado antes, mas ela realmente tinha um corp?o.
— Ei, Lázaro, o que você tá vendo? — Alex sussurrou, tentando subir mais rápido.
Edwin e Alex finalmente conseguiram olhar, mas no mesmo instante, Elaine se virou e arregalou os olhos, como se tivesse um sexto sentido.
— O que foi? — perguntou uma das garotas lá dentro.
— Tem alguém na janela! — Elaine gritou, e antes que pudéssemos reagir, lan?ou um jato de água na nossa dire??o.
— Merda! — Alex berrou quando a rajada de água nos acertou em cheio.
Fomos lan?ados para trás e come?amos a cair. O impacto seria brutal, mas, por sorte, Arnold usou magia de terra para criar uma almofada de pedra e amortecer nossa queda.
— Tamo salvos! — Alex comemorou.
— N?o por muito tempo! — Edwin apontou para cima.
As garotas gritavam, e os supervisores já vinham correndo para ver o que estava acontecendo. Eu entendi na hora que, se fossemos pegos, eu seria o mais ferrado. Afinal, eu era plebeu.
Sem pensar, meu corpo se moveu sozinho. Ativei uma habilidade que nunca havia usado antes: velocidade de raio. Num instante, já estava correndo para o dormitório masculino, sem nem entender como fiz aquilo.
Edwin e Alex tentaram fugir, mas foram pegos e for?ados a fazer trabalho de limpeza como puni??o.
A consequência
No dia seguinte, Elaine me chamou num canto isolado. Pensei: "Ela vai se declarar pra mim?" Meu ego inflou por um segundo.
Mas antes que eu pudesse dizer qualquer coisa, ela me deu um soco no rosto.
— O que diabos você tava fazendo, seu idiota?! — significativa furiosa.
Caído no ch?o, eu a olhei surpreso. Como diabos ela sabia que eu também estava lá? A janela estava distante e era de noite!
— Eu nunca te vi t?o irritado... — murmurei.
—Seu pervertido! — ela bufou, cruzando os bra?os.
Ela sabia. E pelo visto, vou demorar para confiar em mim de novo.
Mas quer saber? N?o me arrependo de nada.