O Mini Ghoul estava distante, oculto entre as árvores próximas a uma constru??o vasta e imponente. A área era cercada por muros altos e sólidos, com guardas patrulhando suas extremidades. Eles andavam em intervalos regulares, vigilantes, com os olhos varrendo os arredores em busca de qualquer sinal de intrusos.
Na entrada, havia uma guarita de onde dois guardas observavam o port?o. Do lado de fora, o silêncio era cortado pelo som de um caminh?o se aproximando.
O Mini Ghoul inclinou a cabe?a levemente, observando tudo com aten??o.
— "N?o sinto cheiro de noxium... s?o constru??es normais." — pensou ele, analisando o local.
O caminh?o parou diante da entrada. Os guardas saíram da guarita e come?aram a fazer a verifica??o. Um deles abriu a carga, enquanto o outro analisava os documentos entregues pelo motorista. Após alguns minutos, eles assentiram e deram passagem para o veículo.
O port?o foi aberto lentamente, revelando um vislumbre do que havia além: vastos campos e galp?es que se estendiam ao longe. O caminh?o entrou, e os guardas fecharam o port?o novamente, retomando suas posi??es.
O Mini Ghoul continuava imóvel, os olhos brilhando por trás do capuz e da máscara.
— "Preciso descobrir mais... mas sem ser visto." — pensou ele, antes de se mover silenciosamente, desaparecendo na sombra das árvores.
Alguns minutos depois, Kay pousou suavemente ao lado do Mini Ghoul, ainda oculto nas sombras das árvores, enquanto carregava Emilia nos bra?os.
— O que descobriu? — perguntou Kay, sua voz baixa, mas firme.
O Mini Ghoul olhou para ele, seus olhos brilhando sob o capuz.
— Os guardas est?o comentando sobre o sumi?o dos ghouls. — respondeu ele com seriedade. — Chegou um caminh?o da cidade trazendo alimentos, mas ele está aqui para levar humanos até o castelo do antigo monarca. Lá dentro há muitos humanos, de idades variadas, mas nenhum acima dos 49 anos. — O pequeno fez uma pausa, ajustando a máscara em seu rosto. — Eles n?o têm noxium. As armas deles n?o podem nos ferir.
Kay assentiu, esbo?ando um leve sorriso enquanto fazia um cafuné no Mini Ghoul.
— Bom trabalho.
Ele colocou Emilia gentilmente no ch?o, encarando-a por um momento antes de se virar novamente para o Mini Ghoul.
— Proteja ela enquanto eu vou lá. — disse Kay, seu tom carregado de determina??o.
— Certo. — respondeu o Mini Ghoul, firmando-se como um pequeno guardi?o.
— Eu volto logo. — completou Kay antes de desaparecer na escurid?o, deixando um leve deslocar do vento.
Emilia observou o espa?o vazio onde ele estava, preocupada.
— Os humanos lá dentro... est?o bem? — perguntou ela, sentando-se lentamente, forrando o ch?o com um pano à beira do penhasco. Seus olhos estavam fixos na constru??o abaixo.
O Mini Ghoul se sentou ao lado dela, também observando.
— Eles s?o tratados bem... mas sabem qual será o destino deles. — respondeu ele, sua voz carregada de uma seriedade incomum. — Eles vivem com medo.
Emilia apertou os punhos, sua express?o endurecendo.
— Humanos horríveis. Como podem criar algo t?o monstruoso?
Os dois permaneceram em silêncio, o vento soprando ao redor enquanto a tens?o crescia.
Na entrada da constru??o
Kay caminhava em dire??o ao port?o, suas asas retraídas para n?o chamar aten??o imediata.
— Bom dia. — cumprimentou ele, sua voz firme, mas educada, enquanto se aproximava calmamente.
Os guardas já estavam atentos. As armas foram erguidas, apontadas para ele com precis?o. Os dois que estavam na guarita saíram, posicionando-se diante do port?o.
— O que quer aqui? — perguntou um dos guardas, a desconfian?a clara em seu tom. — Este é um lugar sagrado. Você n?o tem permiss?o para se aproximar!
Kay inclinou a cabe?a levemente, um sorriso frio surgindo em seus lábios.
— Os humanos aí dentro s?o destinados ao monarca, certo? Ent?o, por que eu, o monarca que agora domina estas terras, n?o posso vê-los?
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Os guardas se entreolharam, visivelmente confusos.
— Do que está falando? — exclamou um deles, levantando a m?o para sinalizar os outros. — Quem te contou sobre o monarca?
Kay ignorou a pergunta, suas asas surgindo em um movimento fluido e amea?ador.
— Nenhum ghoul ousa ir contra os monarcas. Se eu digo que sou um, vocês deveriam acreditar.
— Você n?o é humano! — respondeu o guarda com raiva, sua voz tremendo. — E se é um ghoul, deveria saber que nenhum pode se aproximar deste reino!
Kay sorriu, agora com um ar de desafio.
— Eu devorei o antigo monarca. Meus generais dizimaram seu exército. N?o sabia do acordo que ele fez com vocês, e n?o tenho interesse nele. Abram o port?o. Esta é uma ordem do seu novo monarca.
O guarda hesitou, mas manteve sua posi??o.
— Mesmo que seja verdade, você n?o tem permiss?o para entrar!
Kay suspirou, cruzando os bra?os.
— Estou com pouco tempo, ent?o vamos evitar confus?o. Se n?o atirarem, prometo pegar leve com vocês. N?o matarei ninguém que n?o mere?a morrer... ainda que todos vocês mere?am, pelo que est?o fazendo com os humanos aí dentro.
Antes que os guardas pudessem reagir, Kay desapareceu em um piscar de olhos.
— Onde ele foi? — exclamou um dos guardas, desesperado, olhando ao redor.
O som de engrenagens ecoou. Quando se viraram, viram Kay dentro da guarita, puxando a alavanca que abria o port?o.
— Fiquem quietinhos aí. — disse ele, saindo tranquilamente da guarita enquanto o port?o se abria completamente.
Os guardas do muro ajustaram suas armas, apontando para o interior, prontos para abrir fogo.
— Péssima escolha. — murmurou Kay antes de desaparecer novamente.
Os disparos cortaram o ar, mas as balas atingiram apenas o ch?o vazio. Num instante, Kay estava no alto do muro, abatendo os guardas um por um com movimentos rápidos e precisos. Os corpos caíram sem um som, enquanto Kay descia novamente até os dois guardas que ainda estavam do lado de fora.
— Eu tentei ser amigável. — disse ele, encarando-os por um breve segundo antes de acabar com eles.
Dentro da constru??o
Kay agora caminhava pelas instala??es, seus passos ecoando nas paredes de concreto. Ele olhou ao redor, avaliando o local.
— "Vamos ver... Esta entrada é para caminh?es? Parece ser o único acesso. Ent?o, o que quer que eu procure... deve estar por aqui." — pensou ele, avan?ando com cuidado.
Kay abriu a porta. Do outro lado, uma horda de guardas esperava, armas apontadas diretamente para ele.
— Onde est?o os humanos? — exclamou Kay, sua voz reverberando como uma ordem.
Os guardas n?o hesitaram. Um comando foi dado, e uma chuva de balas disparou contra ele. As balas acertaram seu corpo, mas caíam ao ch?o, amassadas e inofensivas. Ele avan?ou sem diminuir o passo, uma presen?a avassaladora.
Os guardas come?aram a recuar, o medo claro em seus olhos.
— Mostrem-me onde est?o os humanos, e eu pouparei suas vidas! — declarou Kay, firme e implacável.
Os homens hesitaram por um instante, mas, percebendo a inutilidade da resistência, largaram suas armas.
— Boa escolha. Agora me levem até os humanos. — ordenou Kay.
Sem alternativas, os guardas o guiaram pelos corredores. O caminho os levou por uma área de vegeta??o, repleta de plantas comestíveis organizadas em fileiras impecáveis. Mais adiante, atravessaram uma ampla cozinha industrial onde refei??es eram preparadas, seguida por um playground, com brinquedos fixos no solo, claramente usado pelos humanos mantidos ali. Por fim, chegaram a uma área cercada por pequenas casas, quase como uma vila em miniatura.
— Todos est?o aqui! — informou um dos guardas, apontando para as residências.
Kay observou o lugar por um momento, franzindo o cenho.
— O que esses humanos fizeram para receber o privilégio de morar em casas? — perguntou ele, sua voz carregada de desdém.
— Esses s?o os humanos mais populares da fazenda. — explicou o guarda, tentando parecer útil.
Kay virou-se para ele, sua express?o dura como pedra.
— E os que n?o têm privilégios? Onde est?o? — perguntou com frieza.
O guarda hesitou, gaguejando:
— E-eles s?o magros... sujos... Você n?o iria querer devorá-los.
Kay se inclinou para frente, encarando o homem.
— Eu n?o vim devorar humanos. Vim libertá-los. Eles n?o precisam mais desta fazenda.
O guarda arregalou os olhos, chocado.
— Mas... os ghouls devoram humanos. Como você vai continuar vivo?
— Mostre-me o restante dos humanos. — repetiu Kay, ignorando a pergunta.
Os guardas o levaram até o final da vila, onde havia um port?o trancado com uma senha. Com relutancia, eles destravaram o port?o. Assim que foi aberto, um cheiro pútrido escapou, fazendo Kay franzir o nariz.
— "Essa diferen?a de tratamento..." — pensou ele, entrando. — "Casas para uns, enquanto a maioria vive na miséria."
Do outro lado do port?o havia uma pequena cidade em ruínas. A maioria das pessoas vivia nas ruas, em condi??es precárias. Constru??es desgastadas e sombras de um passado mais digno compunham o cenário decadente.
Assim que Kay passou pelo port?o, os guardas o trancaram rapidamente.
— Tolos. — murmurou Kay, caminhando calmamente em dire??o à cidade.
Atrás do port?o, os guardas come?aram a fugir desesperados, correndo em dire??o ao caminh?o.
— Para onde est?o indo? — exclamou uma voz atrás deles.
Os guardas se viraram, alarmados. Do caminh?o, uma cópia de Kay emergia, seu olhar predador fixo nos homens.
— Como...? Você estava lá dentro! — gritou um dos guardas, aterrorizado.
Sem dar tempo para respostas, a cópia de Kay avan?ou, eliminando os guardas um por um.
— Idiotas. Deveriam ter aceitado a rendi??o. Pelo menos agora o Mini Ghoul terá o que comer. — pensou a cópia, retornando para o caminh?o.
Dentro da cidade decadente
Kay andava lentamente pelas ruas, observando as pessoas. Olhos sem vida o seguiam, suas roupas rasgadas e corpos magros falavam de anos de sofrimento.
— "Olhos vazios... Mas est?o alimentados, mesmo que minimamente. Os adultos parecem limpos, mas as crian?as est?o sujas. Sem higiene adequada." — pensava ele, analisando cada detalhe.
Enquanto caminhava, um pequeno grupo de pessoas come?ou a segui-lo, movidas por curiosidade e desconfian?a. Ignorando-os, Kay seguiu até o fim da cidade, onde encontrou uma jovem sentada na beira de uma constru??o abandonada. Ela aparentava cerca de 23 anos. Seus olhos sem vida transbordavam um ódio silencioso.
Kay parou em frente a ela.
— Te encontrei. — disse ele.
A jovem ergueu o olhar, sem se intimidar.
— Eu n?o estou me oferecendo. — respondeu ela com desprezo.
— Quer se vingar dos ghouls que fizeram vocês passarem por isso? — perguntou Kay, sua voz carregada de propósito.
Ela estreitou os olhos.
— O que você quer?
Kay estendeu a m?o.
— Jure lealdade a mim, e eu lhe darei o poder para matar ghouls.
A jovem riu, um som seco e incrédulo.
— Poder? Ghouls s?o imortais. Como se mata algo assim?
Kay cortou um de seus próprios dedos, erguendo-o.
— Jure sua lealdade e engula este dedo. Torne-se um ghoul... um ghoul que ca?a outros ghouls.
A jovem o encarou, desafiadora.
— Me deixe aqui para morrer. é melhor do que virar um monstro.
Kay deu um passo à frente, sua presen?a esmagadora.
— Eu matei todos os guardas que prendiam vocês aqui. Sou o novo monarca destas terras. Vocês est?o livres. Podem ir, mas ninguém toque nos humanos sem minha permiss?o.
Um dos civis zombou:
— Comeu algo estragado? Do que você está falando?
Kay ignorou, criando uma pequena cópia de si mesmo. A cópia caminhou em dire??o à entrada trancada, enquanto todos observavam, chocados.
— Você pode ser uma general. Eu também já fui humano. E, mesmo agora, como um ghoul, odeio minha própria espécie. Quero exterminá-los da Terra. Junte-se a mim. — disse Kay, estendendo novamente o dedo ensanguentado.
A jovem hesitou, seus olhos finalmente demonstrando algo além de vazio.
— Eu... vou comer humanos? — perguntou ela.
— Há guardas mortos perto do caminh?o. Eles ser?o sua única refei??o. Depois disso, você n?o precisará mais. — respondeu Kay.
Nesse momento, a cópia destruiu a entrada da cidade com um estrondo, que ecoou por toda parte.
A jovem olhou para Kay, decidida.
— N?o farei nada que eu n?o queira. — disse ela, pegando o dedo.
Kay apenas sorriu.
Ela engoliu o dedo. Seu corpo come?ou a mudar, assumindo uma forma humanoide e assustadoramente poderosa.
— Devore os guardas mortos perto do caminh?o. Mas eu proíbo que toque nos outros. — ordenou Kay.
— Sim, monarca! — respondeu ela, curvando-se antes de correr em dire??o à entrada da cidade.
Kay come?ou a liberar uma névoa negra que cobriu a cidade inteira.
— N?o se preocupem. Isso vai curar suas feridas e aliviar suas dores. Vocês est?o livres. Podem partir mas antes esperem fora da fazenda minha noiva tem um anuncio para vocês. — anunciou Kay, sua voz ecoando como um juramento de reden??o.
Kay desapareceu no meio da fuma?a, como uma sombra se dissipando no ar.
A cena muda.