Eva segue Yuri e os outros com uma express?o de desconforto. As paredes gigantescas e o ambiente parecem sufocantes, mas Lilih segura no ombro de Eva e fala de uma forma suave. Sua irm? parece ter notado seu desconforto e sabe que é algo além de paredes sufocantes.
— Professor, poderia ir à frente com os outros? Eu queria dizer algo para Eva antes da gente entrar. é algo pessoal... N?o se preocupe, ainda vamos alcan?ar vocês.
— Tudo bem, mas seja rápida e nada de se atrasar, Lilih. Estou de olho em você.
Os outros olham para as duas de canto de olho, mas continuam indo. Yuri pensa em perguntar a Eva se ela está bem, mas decide n?o incomodar e continua andando ao lado de Calisto, que também está preocupada, mas sabe que Lilih pode lidar com seja lá o que for.
Eva a olha confusa e querendo sair dali, pois já sabia o que sua irm? iria lhe dizer. Aquela situa??o parecia apertar o est?mago dela...
— Lilih, eu n?o sei se estou pronto para voltar. Aquele dia me atormenta até hoje...
Seu semblante fica para baixo, mas Lilh olha para Eva, agarrando for?as em algo inexistente para confortar a irm?.
— Vai ficar tudo bem, mana, e eu estou aqui para te ajudar, mesmo n?o sendo de tanta ajuda. Eu queria tanto que aquele dia da morte do papai n?o te deixasse assim, mas infelizmente somos obrigados a lutar, mesmo estando mal. Mas saiba que estou aqui, e me desculpe por todas essas coisas que você passou. Eu n?o entendo o seu trauma, mas também sinto falta do papai.
Eva a encara com um olhar vazio e a abra?a em seguida, com um abra?o apertado e inesperado que Lilih n?o ganhava há tanto tempo.
— Eu n?o queria, mas preciso enfrentar meu pesadelo. Eu só queria que a última vez que eu o visse n?o fosse aquele dia. Eu nem pude me despedir, mas preciso me fortalecer ou vou morrer. Sei que todos ainda vamos, mas eu n?o estou afim que a minha morte seja t?o cedo e sem fazer nada para mudar isso.
— Você n?o vai morrer. Sei que posso continuar, mas isso é uma luta diária. N?o é apenas contra essas criaturas, mas sim contra nós mesmos e nossos fantasmas do passado, maninha.
Lilih desfaz o abra?o e vai caminhando até a porta que está logo à frente. Eva caminha até ela e se perde em pensamentos.
“Será mesmo que eu consigo? Eu n?o sou uma guerreira ou algo do tipo. Sou apenas uma garotinha cheia de medos, e tenho tanta saudade de você, papai. Queria que as coisas fossem diferentes. Eu n?o consigo mais viver sem você, mas preciso aprender a viver sem você.”
Eva adentra a porta que ilumina seu rosto com as imensas luzes ao teto de um lugar que se parece um estádio. Abaixo está uma parte sólida com um tipo de ringue, uma quadra com bordas deslizantes, substituindo as arquibancadas.
“Os outros apenas est?o me esperando... Espero n?o aparentar estar deprimida”. De qualquer forma, ela falha quanto a isso, pois Lilih perdeu seu sorriso animado. Ela é t?o rápida para tudo: rápida para ficar brava, rápida para ficar feliz e rápida para ficar deprimida.
Uma voz grossa e firme a tira de seus pensamentos.
— Rosa, você poderia vir até aqui? Isaac já está morrendo de esperar por você.
Eva ent?o vai até o lugar e desliza sobre as bordas, chegando até todos. Calisto a olha com um olhar preocupado e de alguém que vai a penalizar por algo. Talvez deslizar dessa forma tenha sido perigoso, mas há uma escada no canto que ela n?o notou.
— Ei, Ervinha... digo, Evinha, você perdeu o aquecimento para come?ar. Vai ficar sem rango hoje como penalidade.
Ela solta um sorriso de lado, e Calisto fica com uma express?o de “Era isso que eu queria ver”.
— Ent?o, senhorita Eva, o que você acha? Consegue lutar aqui ou é demais para você?
Eva tenta se mantem firme diante da pergunta do professor, mas responde rapidamente.
— Sim, eu acho que sim...
— Ent?o vamos tirar times.
Isaac olha com um olhar de desdém e prop?e mudar isso para algo que o deixe satisfeito. “Cara rabugento.”
— Senhor, de que forma iremos tirar times? Acho que para um certo alguém seria muito desequilibrado.
— Escute Guerra, n?o quero idiotices aqui, viu? N?o é para matar quem está enfrentando, é apenas algo para ver como está o ataque e defesa de ambos... N?o é como se isso valesse a vida de cada um, mas tenho algo interessante em mente.
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O Professor Martin ent?o olha para Eva e se lembra do General. Ele come?a a ficar cada vez mais pensativo; ver ela agindo parece um tanto interessante.
Kaiki vs Calisto
Lilih vs Yuri
Eva vs Isaac
Lilih protesta sobre sua última decis?o, mas Martin apenas a repreende com um grito, mandando-a ficar quieta. Ela permanece em silêncio, aceitando com relutancia. Sua voz n?o é nada diante de seu superior, é como um estrondo contra algo suave.
— Me mostre suas habilidades, filha do general. Acredito que você possua a mesma habilidade que ele, e isso me deixa muito curioso. Está na hora de soltar o pássaro da gaiola, e Isaac, se fizer alguma gracinha, eu corto o seu pesco?o. Quero que a primeira luta seja entre vocês.
Todos se distanciam, estando no piso acima da arena. Calisto olha preocupado para Lilih, que murmura ao ver o que ele está fazendo. Um pensamento de preocupa??o surge em Lilih ao saber que sua irm? n?o está preparada para enfrentar o arrogante de Isaac. Yuri apenas observa, sabe do que está por vir. Kaiki só está torcendo para que Isaac n?o quebre os ossos dela.
Isaac olha para Eva e a confronta.
— Por que você está aqui? Só porque você é filha daquela cara lá?
Eva serra os olhos ao ouvir as palavras imundas de Isaac. Ele continua, mas Eva o interrompe.
— Vamos lutar ou vai ficar aí de maracutaia? Nojentinho!
Isso foi bastante para irritar Isaac. Ele desfere um golpe irracional em dire??o ao rosto de Eva, e ela se defende cruzando seus bra?os em volta do pulso dele, ou agarrando. Ele sente dor e rapidamente o solta, fazendo com que ele recue para trás.
— Casca grossa, hein? Isso era óbvio para uma altona como você, quase mais alta que eu, hein... Diferente da baixinha da sua irm?.
Lilih rosna de raiva ao ouvir isso, mas se acalma quando Kaiki toca seu ombro. Pensando, ele nota o quanto Isaac deixa Lilih brava; é como o risco de um isqueiro. As palavras de Isaac fazem as chamas dela se acenderem, provavelmente as de qualquer pessoa.
— Você tem certeza de que vocês s?o irm?s? Você é mais alta (1,73) e sua irm? é uma baixinha de nada (1,58). Seus tons de pele s?o diferentes. Pelas histórias, o General n?o foi pardo como você.
As palavras de Isaac desestabilizam Eva. Seu plano era isso desde o início. Ela desfere um golpe contra sua costela, mas Isaac contra-ataca com uma joelhada, fazendo-a perder o rumo e cambalear para longe dele.
— Você é como sua irm?, só fala um pouco e já dá para abalar. N?o adianta vir toda brava para o meu lado. Eu apenas estou esquentando.
Ela toca em seu rosto e tenta se manter de pé. Eva pulsa em raiva, mas n?o se deixa dominar por isso.
— Argh! E você fala demais.
Em um descuido de Isaac, ela pula em dire??o ao mesmo e acerta seu rosto com um soco que o faz recuar para trás com o impacto. Seus bra?os pairam no ar enquanto sua cabe?a tomba para trás.
— Eu ainda n?o esqueci!!!
Eva rapidamente segura as m?os de Isaac e tenta desferir uma cabe?ada. Ele, desesperado, aperta os pulsos de sua inimiga, fazendo-a recuar e soltando-a no processo.
—Ahh! E-u só es-tou brincando com você. Hora de pegar pesado com a novata!
Martyn observa Lilih e Eva após o que Isaac havia dito aqui. Elas s?o iguais, mas há algo que as torna iguais. Ele tenta buscar no fundo de seus pensamentos o que é, mas n?o consegue.
— Lilih, mesmo com as diferen?as, vocês s?o filhas do general afinal de contas. Querendo ou n?o, vocês s?o como ele.
Lilih apenas responde com silêncio, sua aten??o está toda em sua irm?.
“O que ele está falando? Eu estou preocupado com a maninha... Se eu pudesse sair daqui... Encheria a cara daquela trouxa lá embaixo de tapa”.
Isaac vai para cima de Eva, desferindo vários socos em seu rosto. Ela n?o consegue reagir bem, é como desviar de um soco, mas ser acertada por outro. Isaac sabe muito bem usar as duas m?os. Eva fica desnorteada, mas ainda está defendendo com as m?os, protegendo seu rosto de forma desajeitada.
— Por que você n?o usa sua maestria? Eu nem preciso usar a minha para te vencer.
Eva é jogada ao ch?o com um gancho bem dado no queixo. Ela permanece caída e desnorteada à frente de Isaac, que caminha até ela.
— O seu lugar n?o é aqui, sabia?
Eva tenta se levantar, dolorida e luta para se manter em pé.
“Eu n?o consigo usar a habilidade do papai... mas se continuar assim n?o vou provar meu valor. Que se dane meus sentimentos, eu já estou morta por dentro mesmo.”
Ela ent?o estala o pesco?o quando se levanta, até parece que ela jogou os pensamentos como uma toalha, Eva parte pra cima de Isaac, dando um soco mais firme. Ele segura o punho dela com facilidade, mas Eva pisa no seu pé com toda a for?a. Isso deixa Isaac irado, mas sua ira n?o o faz escapar de um cruzado de esquerda bem em cheio na cara.
Ele trope?a e cai de bunda no ch?o, gemendo de dor, e depois levantando com dificuldade, ele acaba notando os olhares de todos o perfurando.
— Argh! Merda, está na hora de eu mostrar como verdadeiros guerreiros lutam. Aprender a brincar de lutinha n?o vai te ajudar!!!
— Professor Martin, ele vai machucá-la com isso!
— Quietinha, Lilih. Creio que n?o vá deixá-la t?o mal. Há perigos piores lá fora. N?o quero que você passe a m?o na cabe?a dela só por ser sua irm?.
Yuri se mantém em silêncio juntamente com Kaiki, ambos já sabem as regras e a resposta do professor se contestasem.
— Maestria do Armeiro Negro.
Uma lamina negra surge sobre o punho de Isaac, parece bem afiada,se assemelha a um punhal gigante saindo do seu punho. Eva olha surpresa ao ver sua maestria e se espanta com a habilidade de Isaac, mas ainda se mantém firme.
Isaac parece subestimá-la com um sorriso, a menosprezando. Ele tenta golpeá-la, mas Eva desvia ,inclinando seu corpo ligeraimente e apenas pega de rasp?o em seu rosto, deixando um pequeno corte.
— Como é a maestria de um Rank B-? Eu poderia fazer isso o dia todo contra você, até sem usar meu verdadeiro potencial.
— Saiba que eu n?o tenho medo desse seu espeto de carne!
Isaac ent?o emite um brilho preto em seus olhos e sua energia se funde ao seu punhal negro, formando uma broca negra de energia. Seu poder pulsa em um espiral, fazendo com que seu punhal se torne uma broca. Ele desfere um golpe contra Eva, que está sem escapatória, prestes a ser perfurada. Lilih se prepara para correr até o local, mas é segurada por Martin, que a puxa de forma grosseira, e olhando profundamente em seus olhos. Os outros permanecem apreensivos.
Isaac nota que sua broca n?o está perfurando e parece estar enroscada em algo. A poeira se mantém alta enquanto ele tenta perfurar, mas é surpreendido pelo som de dobradi?as rangendo. Seus olhos se arregalam quando a poeira baixa e ele notaque Eva está segurando sua broca com uma de suas m?os nua.
— Como? Como isso é possível? Que truque de merda você está usando, SUA FRACASSADA!??
Eva ent?o segura a broca com uma de suas m?os, impedindo-a de perfurá-la. O choque que Isaac se encontra o deixa desnorteado; seu ego se tornou seu próprio veneno.
— Maestria do Soldado Blindado!!!
O impacto da broca sobre suas m?os é absorvido, fortalecendo-a e fazendo-a desferir um grande soco contra Isaac, mandando-o para longe com um rastro de sangue pairando sobre o ar. Eva vai ao ch?o de joelhos com o bra?o machucado. Possivelmente, o impacto ocorreu em seu bra?o. O terror em seu rosto desaparece quando ele desliga chocando contra a parede.
— Yuri, vá curar Isaac imediatamente. Kaiki, ajude-o como puder. Calisto, veja se Eva está bem, e Lilih, você tem permiss?o para ajudar-la agora!
Em disparada, todos v?o até seus objetivos para ajudá-los. Mesmo com Isaac apagado, Yuri o cura, mas n?o há como evitar os gemidos de dor por sua cura angustiante. Os ferimentos desaparecem juntamente com o sangue, mas ele continua apagado, praticamente dormindo.
Calisto levanta o rosto de Eva, que estava baixado, e a encontra com lágrimas escorrendo pelos seus olhos. Seu corpo se contorce e seu peito luta em busca de ar, mas falha, resultando em espasmos. Ela olha sem entender o que está acontecendo. A preocupa??o toma o seu olhar.
—Eva? O que está acontecendo!? Me fala!
Ela come?a a ter mais e mais espasmos por n?o conseguir respirar. Lilih arregala os olhos, incrédula, e grita com Calisto para curá-la imediatamente. Confusa, ela fica em choque, e a cura imediatamente. Seu bra?o fica melhor, mas Eva continua em seu estado de panico agonizante, soltando algumas palavras sem sentido.
— Eu FSSSS N?o quero PE-rde-lo FSSSS NOVAMENTE.
Lilih grita de desespero, esperando por Martin, enquanto Eva se contorce de uma forma perturbadora, com seus pulm?es buscando por ar. O desespero e o medo se fundem em seu semblante.
— Martin, Eva n?o está melhorando. Calisto já tentou curar, mas ela n?o fica bem!!!
Martin ent?o vai em dire??o a elas rapidamente, abandonando Kaiki e Yuri, que ficam sem entender nada.
— Senhor, eu n?o sei o que está havendo. N?o há nenhuma ferida, e ela está dessa forma!!!
— ESTá N?O VENDO?! ELA ESTá TENDO UM ATAQUE DE P?NICO!!! ME AJUDEM A LEVá-LA ATé A ENFERMARIA, RáPIDO, LILIH, ME AJUDE!!!
Estas foram as últimas palavras que Eva escutou antes de tudo escurecer, tudo se distorcendo como uma escurid?o sem fim.