Como se pode ser dono de um anjo, como se pode almejar aprisionar algo assim t?o... belo e poderoso?
Allenda encarou o juruparináh, que vinha para interceptá-la pela direita. Com tranquilidade se virou e esperou, acreditando que ele fora enviado pelo conselho.
Allenda ia falar algo assim que ele se aproximou mais, mas ele simplesmente a pegou com brutalidade pelo bra?o e abriu a bocarra, os dentes afiados à mostra.
- Me solte – gritou Allenda se poderando com violência, entendendo a gravidade da situa??o, se recriminando por ter ficado distraída e se enganado daquela forma.
O dem?nio n?o deu importancia, nem aos seus gritos nem ao seu poderamento.
Como se estivesse se divertindo, tomou do fogo de Allenda e ficou soprando-o para os lados, e até mesmo se envolvendo nele.
Tomada de fúria Allenda sacou sua adaga e cravou no dem?nio, que riu abertamente.
- Você vai me servir, como nefelin dos submundos. Lá te farei rainha, como as outras – riu novamente, aplicando uma forte bofetada em Allenda, que quase perdeu os sentidos.
Devagar, Allenda passou a língua nos lábios que sangravam.
- Você deve estar louco – vociferou. Com um golpe seco no pesco?o do dem?nio conseguiu se livrar. Ao se ver livre, com grande velocidade desferiu vários golpes de adaga no juruparináh, que guinchava de ódio e tentava se defender dela e prendê-la novamente.
- Vai me obrigar a te matar – rosnou ele, girando os bra?os para apanhá-la.
- Prefiro morrer, seu dem?nio – gritou enfurecida.
- Será minha, de um jeito ou de outro, viva ou morta – gritou ele agachando-se e girando a perna direita.
Allenda saltou e cravou uma seta na cabe?a e a adaga na nuca do ente, que urrou de dor. O golpe pegou Allenda no est?mago e a lan?ou longe.
Tomado de fúria o dem?nio se levantou e arrancou com violência a adaga e a flecha do corpo, que atirou longe. Ent?o avan?ou novamente para cima de Allenda, que saltou para longe dele.
Com um golpe seco o dem?nio quebrou um galho grosso de um jacarandá, e lan?ou as farpas contra Allenda, enquanto enviava um vento veloz para atrapalhar seus passos. Allenda bateu com violência os pés numa árvore e se impulsionou acima das farpas de madeira que a procuravam. Ao cair urrou de dor. Usando as sombras da floresta o dem?nio a havia aprisionado novamente, enquanto se aproximava devagar, os modos de quem dominava o que estava acontecendo.
- Agora você vai entender – sussurrou perigosamente o dem?nio parando à sua frente.
Allenda tentou se libertar, mas viu que as sombras a mantinham presa, n?o permitindo nem mesmo que se movesse o mínimo que fosse. E ent?o, tomado de alegria, o dem?nio come?ou a apertar a sombra, tirando seu ar.
> Só vou te deixar bem zonza – avisou. – Você vai ver quando te fizer minha mulher, e vai se submeter.
- Acho que n?o vai ser assim – ouviram atrás do dem?nio.
Allenda conseguiu ver, quando o dem?nio se virou para ver quem o desafiava, e sorriu em meio à zonzeira que a amea?ava. Com sofreguid?o tomou ar quando o dem?nio afrouxou o aperto.
- Ora, o namoradinho dela... E todo poderado... Que beleza. Vai ser melhor ainda. Vou arrastar os frangalhos do seu corpo imundo por essa floresta, e isso vai tirar o espirito dela de vez – riu.
- Solte-a e vá embora – falou Uivo, a voz fria e seca.
- Acho que vou tomar você também – riu, - antes de te matar... – amea?ou. – O que acha?
- Solte-a e vá embora – Uivo repetiu.
O dem?nio apertou de súbito a sombra em torno de Allenda, e ela amoleceu. O dem?nio a soltou e encarou Uivo.
- Ah, que pena... Morreu...
Uivo voltou sua aten??o para Allenda, tentando n?o perder o foco do que estava acontecendo ali pois, se se perdesse, os dois estariam mortos. Suspirou quando viu o peito de Allenda se mover numa respira??o fraca.
Foi o tempo que o dem?nio queria, porque avan?ou com estonteante velocidade e atingiu duramente Uivo, que foi lan?ado contra um grosso tronco de angico.
Ignorando a dor de uma possível costela partida e da respira??o complicada, Uivo saltou pelas árvores, fazendo um círculo em torno do dem?nio, rezando para que Allenda despertasse e fugisse.
O dem?nio se aproximou para detê-lo.
Uivo cravou as patas traseiras na árvore, freando de súbito todo seu giro. Os músculos se esticaram perigosamente, e toda a for?a foi liberada quando ele saltou, as garras para frente, atingindo o dem?nio que caiu ruidosamente em touceiras de samambaias.
Uivo se ergueu e correu para o dem?nio, se atirando com fúria contra ele, as garras afundando em seu peito.
O dem?nio riu, e Uivo viu ao lado duas tiras de escurid?o se encompridando em sua dire??o.
- Posso morrer aqui, dem?nio, mas você n?o fará mal a ela – rugiu, afundando ainda mais as garras no peito, procurando o cora??o escuro da criatura.
Desesperado, procurando cada segundo restante, sentiu quando as sombras atingiram o seu tronco pela direita, afundando-se lentamente em dire??o ao seu cora??o, adagas ardentes procurando sua alma.
- Ela vai ser minha, e fique tranquilo: – sibilou o dem?nio. – vou te deixar vivo para ver enquanto me sirvo dela, vezes e vezes sem conta – riu feliz.
Tomado de desespero, pelas inten??es do dem?nio, pois era corrente estórias terríveis como aquela, sua fúria aumentou. Ent?o sentiu algo crescer dentro dele. Era um ódio terrível, um desespero, uma agonia, uma escurid?o, que só aumentou quando, como de forma automática, bloqueou as sombras que ele lan?ava em seu corpo. Foi ent?o que Uivo viu que no dem?nio, finalmente, havia medo.
Com trancos sentiu que o dem?nio tentava esmagá-lo, dar cabo definitivamente dele. Mas, como sonambulo, sem entender como, o impedia de consumar o ataque. Após mais algumas tentativas algo inexplicável aconteceu: o dem?nio parecia ter desistido.
- N?o, n?o... – ouviu como se fosse de um lugar muito longínquo o dem?nio gritar: – Você pode ficar com ela. N?o a quero mais.
A escurid?o, Uivo a sentiu densa à sua frente, na confus?o total e demente em que estava imerso. Em seu desespero e loucura viu suas m?os em sombras, que chegavam a envolver até seus pulsos, e viu o dem?nio de boca aberta, e sentiu que as sombras que o matavam se enfraqueciam.
O mundo girava nauseante, e tudo parecia perder o sentido e a nitidez.
Com um urro se afundou mais no dem?nio, temendo que, ao morrer, condenasse Allenda à uma servid?o vil e à morte. Aplicou mais for?a contra o dem?nio, o ódio crescendo dentro de sua alma.
O alívio o inebriou quando o dem?nio, tomado de panico e confus?o, se contorceu e as farpas que se alojavam dentro de seu corpo desapareceram, deixando apenas uma dor insana no lugar.
Ent?o, em toda aquela loucura que o envolvia, ouviu Allenda gritar, de muito longe, como ouviu passos apressados e tr?pegos se aproximando. Mas vinham muito devagar, muito devagar, t?o devagar quanto a cara do dem?nio que desaparecia. E a escurid?o caiu, e sentiu o baque seco da terra e das folhas mortas, e respirou fundo. Uma saúva passou depressa, abandonando a folha que carregara até ali, se perdendo lentamente na escurid?o que avan?ou sobre seus olhos.
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Tudo parecia se mover dentro de um sonho, confuso, pesado, cheio de vozes e vultos que n?o entendia e n?o conseguia definir. Mas, pensou consigo, n?o havia risco no que o envolvia, e pensou se ali, naquele mundo estranho, poderia sorrir.
Lentamente a luz difusa e ambarina foi se estabelecendo, clareando, enquanto um mal-estar que n?o havia identificado no sonho o atingiu.
Se for?ou a ignorar a dor e o mal-estar, prestando aten??o no que estava acontecendo. Sons confusos ao longe, como ruídos de insetos atarefados, lentamente adquirindo sentido e coerência, se juntando a um burburinho de mais vozes que se aproximavam.
Suspirou um pouco aliviado. Eram vozes, identificou; n?o era o juruparináh que voltava.
Era Adanu, reconheceu, como também reconheceu Tenebe, e a respira??o maravilhosa de Allenda. Suspirou agradecido quando conseguiu ouvir os pássaros e o rio um pouco distante.
Mas ent?o veio o medo, o receio de estar sendo enganado pelo dem?nio, e do futuro sombrio que aguardava Allenda.
- O dem?nio!!! – gritou se revolvendo, tentando se poderar, tentando se levantar.
- N?o, n?o, ele se foi – ouviu a voz de Allenda, e sentiu o peso de seu corpo sobre seu peito, e algo molhado empapando seu rosto.
Se acalmou, confuso, se perguntando se tudo fora um sonho terrível que tivera. Sua mente se enovelou, e as sombras se revolveram no mundo tenebroso onde estava perdido.
Ent?o se for?ou um pouco de sanidade, tentando recordar tudo o que acontecera, e apenas se pegou assustado, porque de pouca coisa conseguia se lembrar. Apenas que um dem?nio amea?ara Allenda, e de que ele se interpusera, e a agora estava muito ferido, talvez ferido até demais. Segurando-se nessa obscura normalidade estendeu um pouco sua consciência, e relaxou por fim. Havia toda uma dor imensa envolvendo seu corpo e, além dela, tudo estava em paz novamente.
Allenda estava bem.
Ent?o respirou fundo e conseguiu sorrir: Allenda iria rir e debochar dele, temeu, pelo estado em que estava.
Com dificuldade abriu mais os olhos. Ao fazer um movimento gemeu quando a dor o atingiu feio. Ficou imóvel, tentando controlar o fel que parecia correr dentro de seu corpo, amea?ando sua capacidade até mesmo de pensar.
- Foi um juruparináh – Allenda explicou para Adanu e Tenebe, que estavam ao lado, ajoelhados, examinando Uivo. – Ele queria me tomar como mulher. Uivo apareceu, eu desmaiei...
- Onde ele está? – gemeu Adanu em fúria, se levantando e olhando em volta.
- Uivo o matou... Eu o vi morrer sob as suas garras – falou aconchegando Uivo com mais cuidado em seu colo.
Adanu se virou para Tenebe, que olhava para Allenda com os cenhos franzidos.
- Poucos podem matar um juruparináh – disse Adanu. - Eles s?o raros, e muito, muito perigosos. Tem certeza de que Uivo o matou mesmo?
- Toda certeza! – confirmou Allenda incandescendo levemente as m?os, que p?s sobre os ferimentos de Uivo, causados pela sombra invocada pelo dem?nio. – Eu o vi se desfazendo na frente de Uivo.
- Você estava bem consciente quando viu isso, Allenda – perguntou Tenebe, tomado de preocupa??o.
- Completamente – ela falou, totalmente concentrada em Uivo e no ferimento horrível de seu lado direito.
- Uivo fez algo de diferente? – Adanu perguntou, o rosto preocupado, tentando entender como tudo acontecera, enquanto ajudava a filha com o ferimento do nefelin.
- Uivo estava com as garras nele. Ele estava de costas para mim. Acho que o dem?nio estava t?o adensado que Uivo conseguiu – explicou.
- Ele n?o era um anaquera. Ele n?o pode ser morto assim, vocês sabem...
- O que está pensando, pai? – estranhou Allenda. – Desconfia do que?
- De nada minha filha, de nada. Só quero entender quem é Uivo – falou, postando o olhar desconfiado em Tenebe, que n?o escondia o quanto estava incomodado com a estranha insistência de Adanu.
- Apenas sei que ele me salvou – sussurrou Allenda, concentrando seus cuidados para Uivo, que parecia ainda preso em sonhos confusos.
Após Allenda e Adanu chamarem seus amigos com pequenos silvos quase inaudíveis, ela fincou os olhos consternados no pai.
N?o demorou e logo surgiram ArrancaToco e FuraTerra, que logo se puseram ao lado dos três, cuidando dos inúmeros ferimentos de Uivo.
- Você está certa, você está muito certa – Adanu capitulou. – Me desculpem...
Por fim, ao cabo de mais algum tempo, Uivo suspirou aliviado, seus sentidos minimamente se recompondo.
Adanu n?o pode deixar de sorrir ao ver que Allenda n?o apenas curava um pouco os ferimentos dele, mas que também estava lhe fornecendo um pouco de sua energia, direcionando para uma costela trincada que devia causar muita afli??o no menino.
Uivo sentiu uma terrível tonteira quando Adanu e Allenda, junto com os dois queixadas, respiraram sobre ele, envoltos nas cantigas mágicas de Tenebe e nos sussurros de pai e filha. Ent?o, lentamente, foi se sentindo um pouco mais forte.
Ainda demorou mais um pouco, até que tudo come?ou a clarear e a se firmar, e a luz e as coisas pareciam se tornar mais normais.
Sentiu quando várias m?os pareceram erguer seu tronco, e sentiu que suas costas eram apoiadas em um tronco. Suspirou fundo e abriu os olhos. Ainda se sentia bem zonzo, mas sabia que n?o iria mais morrer.
Sorriu para os olhos preocupados de Allenda e dos outros que o cercavam.
- Obrigado a vocês... – agradeceu, passando os olhos lentamente de um a um, que lhe sorriam de volta, aliviados e satisfeitos.
Cambaleante se ajoelhou e abra?ou as cabe?orras dos dois queixadas, e se deixou um tempo assim.
- Dois traidores – riu Allenda satisfeita.
- N?o sei como conseguiu isso, Uivo – falou Adanu intrigado, olhando com estranheza para Tenebe, que fingiu n?o perceber o olhar do amigo. – Mas lhe agrade?o de todo o cora??o. Quando o matou, sentiu alguma coisa diferente?
- O que eu deveria sentir? Apenas resisti, e ele se foi. é tudo de que me lembro... – sussurrou, após ter for?ado um pouco a memória.
- Você n?o acha que está exagerando, Adanu? – ralhou Tenebe com um cutuc?o bra?o do amigo, demonstrando toda consterna??o que lhe ia na alma. - Na confus?o de um combate como esse, contra um ser como esse, acha que receberá alguma resposta válida? Sua filha está a salvo, e isso deveria te bastar, n?o deveria?
Uivo e Allenda ficaram em silêncio, as cabe?as baixas.
Allenda acariciou os dois queixadas, fingindo n?o prestar aten??o na conversa dos dois, enquanto Uivo, de testa franzida, tentava compreender o que estava acontecendo.
- N?o entendo... – disse Uivo confuso, olhando de um para o outro. – Aconteceu alguma coisa diferente?
- é que... – Adanu suspirou por fim, e relaxou. – Me desculpe, me desculpem, todos vocês. é que eu nunca tinha visto algo assim.
- Também n?o sei como, mas ele se foi. N?o foi isso? – Uivo se virou para Allenda, a pergunta em sua testa.
- Você o matou, Uivo – Allenda explicou num sussurro.
- Ora, isso n?o pode ser... Eu n?o tenho poder para matar um ser como ele. Eu apenas resisti, e ele se foi.
Uivo ficou em silêncio, pensando. Era logico que deveria ter alguma explica??o para aquilo, e a única explica??o possível era que Allenda n?o devia ter entendido tudo o que acontecia, zonza e traumatizada que estava por causa do ataque. Sabia bem o que tinha acontecido, decidiu-se, afastando de sua mente as dúvidas que há muito se insinuavam sutilmente em sua alma.
> Que seja, que seja – disse com tranquilidade. – O importante é que ele se foi.
- Claro, claro que sim. Me desculpe, meu amigo – Adanu falou, um tom de alívio em sua voz. – Mas, tem que convir, Uivo... Você é mesmo cheio de surpresas... Antes, um juguena, e agora um juriparinah – falou, sob os olhos preocupados de Tenebe. - Sabe, já vi muitos juruparináhs morrerem, e normalmente se consegue isso com um grande grupo, para dispersar o poder deles, mas muitos morrem nessa empreitada. Foi um feito e tanto, esse seu sabe? Quer dizer, ter feito ele ir embora ou tê-lo... matado.
- N?o vai desistir, n?o é mesmo? – Tenebe ralhou, agora com a amea?a de um riso no rosto. - Está bem, pode ficar mascando isso – brincou. – E quanto a você, realmente, meu filho, um feito e tanto – falou, a preocupa??o agora estampada no rosto, os olhos postos em suas m?os, para estranheza de Uivo. Mas ent?o ele levantou os olhos e o abra?ou, feliz. – Fico muito feliz por estarem bem, vocês dois.
- Sim, realmente. Teria sido muito terrível... – o corpo de Allenda tremeu sutilmente, imaginando como sua vida teria sido destruída. - Acho que devemos ir embora, n?o? – sugeriu Allenda, olhando agradecida para Uivo, as m?os se batendo suaves e gentis ao lado do corpo.
- Sim – Uivo concordou. - Você acha que esses ferimentos v?o inflamar, tal como aquela vez que me acertou com a flecha? – riu, se pondo de pé com um pouco de esfor?o e caminhando devagar e meio encurvado ao lado de Allenda.
- Espero que n?o. Dessa vez espero que n?o, mas só dessa vez – riu também, passando suave a m?o no bra?o de Uivo e amparando-o, que pareceu fazê-lo se iluminar.
- ééééé... – murmurou Adanu, observando os dois.
- ééééé... – sussurrou Tenebe, cheio de sorrisos. – Muito confuso, mas muito bom...
- E quanto a você, Tenebe – Adanu segurou Tenebe um pouco para trás, deixando Uivo e Allenda se adiantarem na trilha, - espero que me esclare?a o que aconteceu aqui.
- Do que está falando, Adanu? – perguntou, a preocupa??o estampada no rosto.
- Do que estou falando? Foi do mesmo modo, um juguena e um juriparináh. Afinal, Tenebe, o que é o Uivo?
Tenebe olhou para a trilha, para Uivo e Allenda que se distanciavam, esquecidos dos dois. Ent?o se voltou novamente para Adanu, o rosto mostrando uma tens?o, claramente tentando se decidir. Suspirou pesadamente, como se capitulasse, ao ver que o amigo, de forma alguma, iria deixar aquele assunto de lado.
- Está bem, Adanu. Ele é de um tipo especial – falou como uma confidência. – Ele n?o é um nefelin, ele é um dahrars.
Adanu ficou em silencio, os olhos vasculhando os olhos de Tenebe, que devolvia um olhar tranquilo, apesar de apreensivo.
- Eu já tinha minhas desconfian?as disso – falou sério. – De que tipo?
- De um tipo bom – declarou. - A alma dele faz a diferen?a.
- Um anjo? Um dos pais dele era um anjo?
- Os pais dele s?o outro caso especial, também. Sabe, Adanu, apenas pe?o que confie em mim. Tudo será esclarecido ao seu tempo, porque parece que esse tempo já está para se mostrar. Por enquanto, apenas pe?o que confie em mim – insistiu.
- Ent?o quer dizer que, o que quer que ele seja, está para se abrir, para se manifestar? é isso que está me dizendo?
- Tudo tem seu tempo, Adanu. Apenas confie. Tudo vai dar certo, e tudo vai ser esclarecido, você vai ver.
- Eu quero entender, Tenebe. Isso também é sobre a minha filha...
- E n?o é? Eles est?o se virando muito bem, n?o est?o?
Adanu ficou pensativo, avaliando os olhos profundos de Tenebe. Em sua mente a amizade antiga entre eles, e o quanto Tenebe sempre se mostrara íntegro e correto. E também reviu Allenda e Uivo, e o quanto eles se preocupavam um com o outro.
Por fim relaxou.
- Claro, meu amigo. Ainda mais quando, pensando bem, esse algo estranho aconteceu quando ele se esfor?ou em proteger a minha filha, até mesmo com o risco da sua própria. Está bem, tempo ao tempo. Mas saiba, eu quero saber... – avisou.
- Tudo bem, tudo bem. Isso vai acontecer, eu prometo. Eu agrade?o a sua confian?a, Adanu. Obrigado!
- Ara, está bem. Agora, que tal irmos depressa? Do jeito que eles s?o, n?o seria estranho ver os dois se engalfinhando ali na frente – falou com um largo sorriso no rosto.