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A GUERRA DOS VIVOS – UMA GUERRA DOS DANATUÁS - 31.930 e7

  A linha do tempo é poeira onde se brinca, coriscos que se ligam e se modificam em cada gr?o iluminado, numa algazarra de possibilidades repletas de sorrisos de um deus feliz.

  1

  Ariel olhou para Lázarus e Haamiah, que flutuavam ao seu lado muito acima da atmosfera de Gaia, quase dentro da escurid?o do espa?o. Gaia e sua lua enchiam todo o campo de vis?o, revolucionando suavemente pelo negror salpicado, onde o bra?o da Onáriah se mostrava radiante.

  Seu cora??o deu um pulso sentido de saudades.

  - Certeza de que n?o devemos interferir? – estranhou Ariel.

  Ariel tinha os olhos postos no planeta. As guerras estavam em todos os continentes, mas era em Mércia que elas estavam se intensificando cada vez mais, e era lá que eles tinham descido.

  Trevas e Escurid?o tentavam esticar seus tentáculos para as terras baixas, e um poder ali havia se levantado para se contrapor a eles: os danatuás.

  Sua alma pulsou no desejo de estar ao lado dos amigos, de defender a luz, a liberdade, como eles se esfor?avam tanto. Ainda mais quando era sabido por todos que era aquela guerra, dentre tantas que já haviam grassado pelo planeta, que tinha o poder para causar uma ruptura imensa que levaria, fatalmente, ao surgimento de uma nova era. A guerra dosvivos é como ela seria chamada – suspirou novamente, reconhecendo a sua posi??o na linha do tempo, e como ela estava.

  Devagar inspirou profundamente, retirando os olhos das nuvens, das montanhas logo abaixo, e das criaturas que vivam no ch?o, no ar e nas águas e na terra. Podia n?o parecer, mas havia poderes enormes ali, e a luz estava fortemente representada. N?o era ali, bem sabia, que as maiores batalhas estavam para serem travadas; era nas estrelas que elas iriam acontecer.

  - Certeza! – ouviu Lázarus falar, notando sua voz num tom pensativo e distante. - N?o estamos aqui para cuidar dos assuntos dos dem?nios ou de qualquer outro, Ariel. Estamos aqui por causa dos veladores, para proteger a linha de tempo em que dever?o surgir.

  - Mas a energia do planeta está muito baixa. Ao menos consegue ver quando os veladores come?ar?o a trabalhar?

  - Ainda vai levar algum tempo – Haamiah cismou. - Veja, ainda há dem?nios corporificados por aqui, como há anjos e pessoas, nefelins, dahrars e as mutas. Esse n?o é o momento para os veladores.

  - Só quando essa guerra causar uma nova era... – Ariel sussurrou, compreendendo a linha de tempo. – Eu entendo.

  - é assim mesmo – confirmou Lázarus. - Essa guerra vai causar tal estresse na linha que vai causar uma outra, bem mais perigosa que essa, que vai fazer com que ela se rompa. E quando isso acontecer vai isolar essa dimens?o para os homens, e é por eles que Gaia espera, é por eles que essas for?as trabalham, e é por eles que os veladores ir?o se apresentar, e os mostradores do caminho, porque s?o eles que ter?o em si, quase que em equilíbrio, a luz e as trevas. A importancia deles, sendo n?o só sombras ou só escurid?o, mas as duas for?as em um único ser, ainda n?o é completamente compreendida, mas é sentida. Ent?o, quando eles estiverem sós nessa dimens?o aí sim os veladores ser?o escolhidos e come?ar?o a despertar, tal como o nosso amigo ali – falou, trazendo à vis?o de ambos a imagem de Mercator, pensativo, a aura confusa em torno de si, alheio e abandonado no alto de uma cadeia de montanhas.

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  - N?o é interessante ver o quanto Miguel está se empenhando por ele?

  - Ele vê a dor dele e a compreende, Haamiah. Miguel, tal como Yeshua, está além de nós – Lázarus sorriu.

  - Sem dúvida que est?o – Ariel concordou. - Pois ent?o, meu querido Lázarus, eu quero estar com nossos amigos. N?o quero ficar aqui só podendo ver toda essa dor, que apenas é um caminho. Além disso prometemos para Sol, Darvana, Mulo e Avenon que iríamos ficar de olho nas crian?as, se lembram?

  - Como se fosse necessário isso – Lázarus riu. – Eles est?o se saindo muito bem. Já s?o até comandantes de naves e de legi?es e ...

  - Você entendeu o que eu quis dizer – ela falou, dando-lhe um soco no bra?o. – Ah, pessoal, eu estou com saudades...

  - éééé... – Haamiah suspirou, se lembrando dos amigos. - Yeshua, Ahstar...

  - Emanoel... – o semblante se perdeu e desfocou, se lembrando das pessoas e seres que amava. - Também estou, e concordo – falou Lázarus.

  - Ent?o vamos aceitar o pedido de Derfla, para ajudar a Federa??o?

  - é o melhor, n?o acha? – falou Lázaro.

  - Acho sim. Por aqui, os poderes est?o equilibrados. Por lá a Ordem está crescendo seu império.

  - Mas, os quatro est?o lá embaixo, no meio dessa loucura...

  - Já conversei com Gadhiel. Ele vai mantê-los sob suas vistas. Além disso... O que foi, Haamiah? – Ariel se preocupou, voltando-se para se concentrar no amigo.

  - Eu n?o irei com vocês. Eu já via essa possibilidade, e por mais que a deseje seguir, n?o vou poder.

  - Ora, e por que n?o, Haamiah? – Lázaro estranhou.

  - Eu tenho coisas a acertar com Gaia. V?o... Eu também vou estar de olho nos nossos amigos aqui, eu prometo.

  - Eu compreendo, Haamiah. Vai ser muito bom ter você por aqui – falou Ariel. – Qualquer coisa, se precisar, nos chame.

  - Vamos manter contato, meu irm?o – Lázarus falou dando um grande abra?o em Haamiah.

  Após Haamiah e Ariel se despedirem com um abra?o terno e fraternal Lázarus p?s sua aten??o muito ao longe, tomando conhecimento da situa??o entre a Ordem e a Federa??o.

  - Ent?o, minha querida, está na hora de irmos.

  - Só mais um pouquinho – Ariel pediu.

  Devagar, como uma despedida, sob o olhar carinhoso de Haamiah os dois ficaram em silêncio, observando as dimens?es mais próximas da terceira, onde for?as terríveis se movimentavam, indiferentes e até frias, fazendo liga??es e outras tantas destruindo.

  Luz e escurid?o se movendo, se batendo e se refazendo, num jogo brutal e áspero. Foi assim que as viram, as mutas, voltando para o planeta de distantes plagas e tomando os seus arcabou?os de cristal, enquanto sondavam as distancias e os seres, pesando possibilidades para o que sabiam estar logo ali, depois da linha do horizonte.

  - Temos que ir – viu Ariel. – Se nos demorarmos acabaremos sendo engolfados no que está para acontecer. As mutas já est?o chegando...

  - Gadhiel já sabe – Lázaruz avaliou um anjo solitário, que sondava as linhas que se abriam. – Ele já sabe que Layla está para retornar.

  - O sacrifício dos dois é tocante, n?o é? – Ariel observava o ch?o do planeta, pensativa. – Akindará, meu amigo – despediu-se de Haamiah, tocando com suavidade o cora??o.

  - Akindará, meu irm?o – Lázarus deu um enorme sorriso, os dedos repetindo o movimento de Ariel.

  - Akindará, minha família – sorriu Haamiah por sua vez, tocando levemente entre as sobrancelhas.

  Nem bem terminara de dizer os dois volitaram para longe do planeta.

  Haamiah desceu sobre uma montanha e sentou-se no ch?o, deixando aquele sentimento de paz e distanciamento se apoderar de sua alma, tal como uma grande nuvem de flocos que se espregui?ava e seguia lentamente pelo céu.

  - A gente vai se encontrar logo, no tempo de um suspiro, que pode demorar por mil anos – sorriu para a nuvem.

  II

  Assim que Lázarus e Ariel se corporificaram ao lado da nave de Derfla, Emanoel surgiu ao lado deles, um sorriso imenso estampado no rosto.

  Sem dizer nada, puxou os dois para um grande abra?o.

  - Entendo... Ainda se diverte com isso, n?o é? – Ariel riu.

  - E como n?o deveria? – confirmou. - E olha que n?o sou só eu. Até Derfla, Yeshua e Miguel acharam isso muito divertido. Ah, e os filhotes, que se divertem muito vendo as imagens de vocês se matando. Sabia que nós nos reuníamos aqui para ficar vendo vocês dois, como se fosse um filme? – zombou cheio de alegria, conduzindo-os para dentro da luzidia nave, para um grande sal?o onde muitos estavam reunidos, a algazarra alegre enchendo todos os espa?os.

  – Quantas vezes vocês se mataram mesmo? – perguntou Teleruden aproximando-se depressa na companhia dos outros, felizes com a chegada deles.

  - Ah, sei lá... Quantas vezes mesmo você me matou, meu bem? – Lázarus perguntou com uma cara que fez com que Ariel ficasse rindo por um longo tempo.

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